E tantos olhares sobre nós recaíram por ser-mos diferentes, por pensar-mos e achar-mos o mundo outra coisa menos comum, por viver-mos sem medo de consequências, de despedidas de ultima hora ou de arrependimentos que perdem o seu lugar no livro da vida. Bastava haver caminho para percorrer, que o tornava-mos uma estável, agradável e divertida estrada, bastava haver chuva para que de mil e um sonhos fizéssemos pequenas festas de rua, contemplando os deuses que nos ofereciam visões, como se nunca antes estas tivessem encontrado lugar na nossa vida. De pulos, saltos e encantadoras gargalhadas de criança nos elevávamos, e aos poucos, a negra brancura que nos é pegada gentilmente à alma pelos que à nossa volta estão, ia se todos os dias libertando, desvanecendo nas florestas de duvidas que possuímos, nos rios de pensamentos que temos. E se, cada nuvem tivesse mesmo as formas absurdas e as semelhanças engraçadas aos animais que lhes dava-mos, se cada constelação fosse afinal uma pintura num céu escuro como lhes chama-mos, então saberíamos que estamos certos. Que cada dança não foi em vão, que cada abraço foi sincero, que cada olhar foi de pura devoção, que a nossa filosofia é universal, e não apenas particular.
Uma Rapariga Esquecida Do Mundo
