Não mais


Eras veneno que ardia e queimava no interior das minhas veias .
Eras a paixão que me consumia como se não mais tivesse para viver .
Eras o sol que todos os dias me vinha tocar, a chuva que me fazia arrepiar e o vento que me fazia dançar .
Eras tudo o que tinha no ontem, o que possuía no hoje, e o que desejava loucamente vir a ter no amanha .
Agora, és unicamente o sopro triste nocturno que presente está apenas nos meus sonhos, chegando sorrateiro, passeando na minha mente sem autorização .
És tudo o que um dia quis agarrar e tudo o que hoje só quero não mais lembrar .

Uma Rapariga Esquecida Do Mundo

Saudade


Saudades dos tempos de rir sem medo de o fazer por nada haver que o justificasse.
Saudades do todo que enchias em mim sem nunca nada cobrar de volta.
Sorrisos rasgados agora de nada valem, contrariando as lágrimas geladas de mágoa e de solidão, aquelas que em juras de amor, censuradas foram. Tudo que alguma vez escondi volta de novo a ter vida, para nunca mais morrer por ninguém…

Uma Rapariga Esquecida do Mundo

Mais uma vez...


Mais uma vez, o véu estrelado cai sobre todos os seres, tal como o sopro da vida, que faz dançar as vestes que, pousadas sobre os corpos, rodopiam agora sem vontade própria. Desenrola-se então, mais uma despedida, quer à vida, quer à estrela gigante que todos os dias me vem aquecer a alma.
Tudo quando desejava, vai assim embora. Todas as cores se apagam e toda a vida e luz se reduzem a nadas. Todos os sentimentos, se unem num frenesim louco colidindo contra mim.
Aí, no silêncio que aceitei de bom agrado como meu melhor e eterno confidente.
É a essa ausência de ruído a quem, sem dizer palavra, conto a historia da minha vida. A quem relato os inúmeros abraços que desejei como se ser insaciável fosse, apoderando-me dos ramos de outrem, sentindo o seu calor, a sua respiração, os tremores...tudo o que a mim não pertencia, mas que eu dava como meu. E, quando para a realidade voltava ainda que obrigada, já tinha acabado. Aquela pressão saudável e vital que ansiava, desaparecera. Os braços que outrora me suportavam, já acompanhavam o amo, num passo rápido, firme, levando-o para um lugar cada vez mais longínquo da minha presença.
É esse silêncio que escuta os pensamentos em que confesso o exagero do número de despedidas que ouvi, assim como o número de olhares de saudade que sobre mim pesaram. E pouco, mínimo, foi o número de vezes em que em mãos minhas, outras se entrelaçaram, por amor.
Irracional é a vontade de poder desmentir tudo, enganar-me a mim mesma, reinventando contos de fadas, onde apenas tragédias se desenrolaram. Penosa se tornou há muito, a certeza que, nem por meros suspiros, nem pelo cair de outras lágrimas, o silêncio circundante autorizaria tamanha mentira.
Numa tentativa de afastar todos os sentimentos que contra o corpo meu embateram, fecham-se os olhos, para que ninguém mais possa ver a angustiante sinceridade retratada no olhar; fecham-se os punhos, para que nada, nem um ínfimo vazio mais, minhas mãos possam agarrar novamente; dobra-se o corpo contra si mesmo, para que o sono eterno chegue, sem nenhum novo motivo para que acabe.

Uma Rapariga Esquecida Do Mundo

De nada adiantou atravessar a floresta dos meus medos por um sonho inacabado. A morada a que pertenço nem se quer me reconhece. O amanhecer...