Depressa me apercebi da veracidade gélida do mundo. Tão depressa acordava de um anoitecer atordoado, como em seguida adormecia para um pôr do sol pacifico. Não sei como me mantive a flutuar tanto tempo nesta tempestade. O meu pensamento apenas se prendia ao cristalino do verde que tantas mentiras me contaram das suas orbitas sempre que os nossos olhares se cruzavam. Permaneceu assim ancorado à memoria do rosado paladar dos seus lábios que tantas vezes trilharam caminho por meu corpo sem nunca ter pressa de encontrar meta ou porto seguro. E poucas foram as vezes que não me debati sobre a saudade dos seus braços, ainda que cobertos de tinta, sempre desenharam a relação perfeita entre segurança e perigo. Talvez tenha sido o salgado da sua pele debaixo desta chuva tão doce que mantiveram os meus sentidos acordados. Talvez seja delírio da mente ou mesmo insanidade da alma. O que quer que tenha sido, é nele que a resposta reside mesmo que não haja resposta alguma.



De nada adiantou atravessar a floresta dos meus medos por um sonho inacabado. A morada a que pertenço nem se quer me reconhece. O amanhecer...