Ria de mim, de ti e do Mundo. Sonhava um dia poder afirmar que de minha vida tomei conta. Ansiava sempre que o amanhã chegasse porém, ele chegava e passava, sem recordação ficar. Cantava a tudo que me quissesse ouvir, e tantas foram as searas douradas que percorri com os dedos e os olhos. Embalava histórias de faz de conta no meu colo e de madrugada, andava em pontas, rastejando com toque de seda, só para não acordar a esperança que se encontrava a meu lado na cama, enquanto corria para a janela para ver as chuvas de estrelas, que caiam como gotas de chuva. Desenhei, um dia, todos os arco-íris que já se formaram e todos os pôr-do-sol que do céu tombaram sobre mim e todos os demais terrestres, só para manter a cabeça ocupada, atarefada em organizar tudo o que por ali passava, largava suas malas de viagem e dizia "ficarei por mais que uns segundos". Esvaziei milhares de sacos de sonhos perdidos, tal como uma criança procura no escuro a presenta de um monstro no vazio do quarto. Já desejei rir de mim, de ti e do Mundo, mas dias se passam em que o papel de parede cor-de-rosa às bolinhas amua, e se veste de cinzento, dias existem em que o sol se esconde e outros, em que simplesmente, não há motivo algum para abrir as pupilas ao Mundo e o riso às gentes.

De nada adiantou atravessar a floresta dos meus medos por um sonho inacabado. A morada a que pertenço nem se quer me reconhece. O amanhecer...