Rolam as inseguranças por este chão, como se de folhas secas de um Outono distante se tratassem. Começa o reboliço de todos os dias. A luz perde intensidade, os medos saem à rua para uma parada noturna diária sem sentido, lugar ou jeito. Busco tua insegurança por entre as ruas, no meio do caos e tudo o que encontro são os meus devaneios. Há um cheiro a suor e solidão no ar, como se a sentença tivesse sido finalmente profetizada, quando tudo o que se sucedeu foi unicamente o pôr-do-sol. Por entre tropeços e rastejares, são sintetizadas frases sem sentido, sem esperança, sem possível concretização num futuro próximo de dias, horas ou segundos. Sinto tuas mãos percorrerem minha cintura ainda que possuam uma presença estranha, como se soubesse que não me pertences ou que não estou em tua lista de domínios, cedemos à harmonia do momento em breves segundos, para não nos lembrarmos na hora seguinte. Pairamos nos braços um do outro apenas para que a escuridão vá embora por hoje e no dia seguinte, quando o sol nascer, vivemos sem o outro.
Sossega amante descarado, estamos separados apenas até ao poente.




De nada adiantou atravessar a floresta dos meus medos por um sonho inacabado. A morada a que pertenço nem se quer me reconhece. O amanhecer...