Laços de cetim


E em folhas tuas por centenas de vezes implorei em dezenas de linhas e praguejei em milhares de palavras, por mudanças. Foste companheiro e complacente em todos os “porquê?” repletos de desilusão e em todos os “porque não?” cheios de esperança. Gravados em ti estão pensamentos, confissões e sorrisos e sobre ti já rolaram muito mais q apenas lágrimas, impropérios e pétalas de rosas. De laços cor-de-rosa de cetim macio enfeitei uma vida e com eles apertava cada beijo, cada abraço que te descrevia. Impulsos de arrancar-te páginas, riscar todas as palavras que desenhavam os sonhos em promessas, lançar-te no ar para bem longe do canto onde me encosto e abraçar-te contra o peito quando nada mais tinha para abraçar, foram me misericordiosamente perdoados. Em ti, relatei vezes sem conta os dias em que paixões me levaram a rolar e a enrolar mais uma vez nos cobertores da vida e todos os abraços que contavam a melodia presente de cada declaração de amor. Amar pode trazer o conforto de uns lençóis quentes numa manhã chuvosa de inverno, quando o jornal faz companhia à chávena de café largados sobre a mesa ao fundo do quarto, junto à janela, pode fazer nos transportar o calor de fogueira de verão no peito, e uma imagem fixa na cabeça durante horas. Mas, apesar de todos os contratempos, demoras e incertezas, amar é a nossa casa, o templo em que dedicamos horas a determinada divindade, o regresso à felicidade pura de criança, o único livro que seriamos capazes de escrever sem nunca palavras nos faltarem.

Uma Rapariga Esquecida Do Mundo

De nada adiantou atravessar a floresta dos meus medos por um sonho inacabado. A morada a que pertenço nem se quer me reconhece. O amanhecer...