Não fosse o céu escuro a esta hora do dia, que nunca teria deixado teus braços escorregarem para longe do meu corpo inerte perante o deleite e a frieza das despedidas. Perante as estrelas, as que se encontram agora acima de todos os demais, neste chão vazio da tua presença, deito meus pensamentos sobre a atmosfera de recordações insanas, tantas que saturam o ar e dificultam a ventilação pulmonar, congelando os membros e parando o trânsito capilar. Sobe a alma aos céus, mas o corpo fica preso às amarras humanas de quem roga a todas as divindades para sentir de novo a respiração que era a minha melodia para o sono profundo ou o olhar que criava todas as certezas acima das teorias. Que regressem as tardes de palavras subentendidas, os abraços debaixo das mantas de sonhos no quarto de fantasias que era nosso refúgio e cumplice em tantas declarações. Que voltem de novo a ternura de quem sabe o valor dos anos e a doçura do sabor da pele do que um dia foi a peça em falta do puzzle incompleto.

De nada adiantou atravessar a floresta dos meus medos por um sonho inacabado. A morada a que pertenço nem se quer me reconhece. O amanhecer...