Por entre calçadas de erros cometidos vigorosamente nesta estadia terrestre, perdi-me algures entre tentações carnais, corridas fugazes contra mim mesma, pecados regados a ira sem sentido ou lugar por entre as pedras desta calçada. Rendi-me à fraqueza dos membros, cheguei mesmo a rastejar, a cheirar o quente vibrante dos calhaus que passam seus dias torrando ao sol e lambendo a salinidade das movediças areias. Maltratei os trapos que me continuavam fiéis, pelo menos ao corpo, e amei o vento que sempre hipócrita foi, retirando-me o chão tal qual tapete sobre o qual se caminha, levando-me a cair vezes e vezes seguidas sem nunca mostrar remorsos. Tratava-me por criatura, fazia cara feia a todas as novidades, evitava cruzar-me com a felicidade na rua e gritava a todos que tentassem dizer-me a verdade.
Fui cega, muda e incapaz por tempos que perderam sua contagem nos anos ..

De nada adiantou atravessar a floresta dos meus medos por um sonho inacabado. A morada a que pertenço nem se quer me reconhece. O amanhecer...