Incerteza

Já não sei se sou eu, se tu és tu, se aquilo que sentimos é amor ou simplesmente ódio, sinceramente, esqueci todas as minhas raízes a que estava presa, não me lembro de nada…apenas do vazio do teu olhar. Não sei se sinal de fraqueza é, mas sempre que os nossos olhares se cruzam algo me faz desviar meus olhos dos teus, que como cruel detector de tudo o que me preocupa me revista sem autorização. Talvez por falta de lealdade, respeito, fidelidade talvez, mas já não temos assunto muito menos conversas, apenas somos dois corpos flutuantes que se cumprimentam e nada mais…nada é como tempos passados, em que as tardes pareciam minutos e as nossas conversas nunca acabavam. Por vezes, por dias, por meros segundos de suspiros, descarto me da capa de força que me reveste, para admitir que nada é como se julga ser e que tudo quanto à partida já é consagrado como seguro, eterno e sem mudança, não o é…
As nossas mãos nada mais tacteiam, apenas o vazio, as nossa vozes já não combinam entre si, os nossos olhares já não falam, as nossas bocas já não se beijam muito menos falam, permanecem fechadas à espera que passem as horas que se vêm tornando cada vez mais pesarosas.
Tudo o que acontece, ou por outro lado, tudo o que deixou de acontecer, denuncia algo que não está certo…tudo o que outrora havia sido construído, parece ter desaparecido assim como o amor, a saudade, a timidez no eterno olhar apaixonado que se ligava às mãos que sempre se uniam em todos os encontros!
Creio que esta foi a última carta que escrevi, mais uma em que denuncio que tudo o que sentia desapareceu… mais uma carta que nunca vai ser enviada por falta de palavras! O que a distância separa nada mais, pode aproximar.

Uma Rapariga Esquecida Do Mundo

De nada adiantou atravessar a floresta dos meus medos por um sonho inacabado. A morada a que pertenço nem se quer me reconhece. O amanhecer...