Começa-se de novo, do inicio ou, simplesmente, de onde se ficou perdido desde a última vez.
Os estilhaços estão lançados, assim como a sorte dos dados, e espalhados consoante a sua sina, em minha volta, deixando de haver se quer sentido entre o que outrora fui, o que deixei de ser e o que serei a partir deste amanhecer.
As garantias de que se consiga efectivamente dar inicio ao inicio, perderam-se no perfume do vento.
Esta é uma história sem tema, um conto de fadas sem brilhos, uma conclusão sem tese defendida. Não garanto que voltarei a correr em busca do sabor adocicado de sonhar, que provei um dia, ou se quer do paladar salgado que a paixão deixa na língua.
Perdi muito hoje mal o sol se ergueu, demasiado. Perdi as palavras, as linhas e mesmo as folhas que constituíam o livro da minha vida, e até a voz me fugiu. Em instantes, fotografias e recordações foram queimadas nesta caixa vazia agora, por entre soluços e lágrimas que se lançavam na aventura de percorrer o relevo do meu rosto. Desesperava para que saísse uma palavra de minha boca, mas apenas na consciência soavam ideias absurdas de quem havia perdido mais uma parede que sustentava a sua vida. Deste-me muito, porém, retiras-te-me ainda mais como que brincando. É um fim, mas ao mesmo tempo, o inicio de um novo dia, e lá fora, o sol já se ergueu também e brilha como nunca .

De nada adiantou atravessar a floresta dos meus medos por um sonho inacabado. A morada a que pertenço nem se quer me reconhece. O amanhecer...